O Evoque foi apresentado oficialmente entre a última quarta (17) e quinta-feira (18), em Liverpool, na Inglaterra, e foi descrito como um "divisor de águas" para a montadora. Além de resguardar o preço, o diretor-presidente da Jaguar Land Rover para América Latina e Caribe, Flávio Padovan, também manteve em segredo as metas de vendas no mercado brasileiro.
O mistério é justificado pelo desafio ao mercado que o lançamento traz, com uma complexa e arriscada fórmula que tem como porta de entrada o design inovador. É o típico carro que traz certa estranheza à primeira vista, pois aposta em traços quadrados, perfil dos pneus baixos e posição de dirigir de um hatch. O que causa um pouco de espanto, porque, olhando por fora, a impressão que se tem é de se tratar de um SUV, com posicionamento alto dos bancos.
Ainda no design, outra curiosidade é o acabamento interno. Os materiais são de altíssima qualidade, sendo 85% recicláveis. Pode-se dizer que o nível supera o do Land Rover Discovery 4. O carro brinca com diferentes texturas em uma mistura interessante de diferentes plásticos e couro. O painel é bem moderno e mostras as diversas funções no modo de dirigir - o condutor tem cinco opções para ajustar o carro de acordo com a necessidade do terreno.
O amplo teto panorâmico e os 400 litros de capacidade do porta-malas fecham o conjunto do modelo que chamou a atenção no Salão de Paris, em 2010, quando foi apresentado estaticamente. Na Europa, o carro chega às lojas em outubro e, no Reino Unido, a versão mais básica (a diesel, com câmbio manual e tração dianteira) custará 27.955 libras.
200 km em estradas de terra e asfalto
Ao mercado brasileiro chegará apenas a versão 4X4 a gasolina, três portas (cupê) ou cinco portas, com três temas: Pure, Prestige e Dynamic. O que muda são apenas os detalhes estéticos. Requintes como grade frontal diferenciada e bancos tipo concha, naturalmente, custam mais. É o preço do design, como diz a própria fabricante.
O G1 avaliou as opções para o Brasil em um roteiro de cerca de 200 km entre Inglaterra e País de Gales, onde o carro foi exposto a diversos tipos de terreno, inclusive trilhas pesadas de off-road. Apesar da elegância, o Evoque mostrou valentia ao lidar com trilhas enlameadas, trechos de água empoçada e muita pedra no meio do caminho. Ou seja, a Land Rover conseguiu trazer urbanidade a sua linha top Range Rover, sem perder o "DNA 4X4".
Visibilidade prejudicada
Por outro lado, as linhas arrojadas do carro interferiram na visibilidade, o que atrapalha tanto na “pegada” off-road quanto na urbana. Mais especificamente, a coluna A e o formato do vidro traseiro incomodam na hora das manobras e ao passar por trechos estreitos. Nesse quesito, ganha vantagem o espelho retrovisor externo, grande até demais.
Fora isso, o carro é acertado. A começar pelo motor 2.0 turbo a gasolina, com injeção direta de combustível, que desenvolve 240 cavalos de potência e pouco mais de 34,6 kgfm de torque. Assim, o Evoque acelera de 0 a 100 km/h em 7,6 segundos.
O câmbio automático é preciso e responde rapidamente nas retomadas. Para administrar a “esperteza” do Evoque, freios potentes respondem precisamente ao comando do pedal. Juntando todos esses elementos à estabilidade de um hatch, com uma suspensão pouco mais dura para enfrentar diversos terrenos, tem-se um automóvel muito confortável para dirigir.
Espaço e luxos: O espaço para os passageiros traz boa acomodação a todos os ocupantes, mas isso só é possível com quatro pessoas no carro, afinal, o design interfere mais uma vez e “inutiliza” o que seria o assento do meio no banco traseiro.
As manobras são facilmente executadas e contam com a ajuda de cinco câmeras que monitoram o exterior do veículo. Entre os itens de série estão ainda o de monitoramento de ponto cego, controle climático automático completo de duas zonas, com função temporizadora, sistema de acesso sem chave e porta traseira com controle eletrônico, faróis adaptativos, para-brisas, bancos dianteiros e volante aquecidos, entre outros.
Diante de tantas opções de alta qualidade nesta categoria de veículo de luxo, a Land Rover conseguiu criar um carro tão diferente quanto é para um brasileiro a experiência de dirigir na mão inglesa. Inovação que deverá pesar diante de um mercado global cada vez mais diversificado e concorrido, porém carente de novas propostas que não sejam elétricas ou híbridas.
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